Byzantium Victoria Principvm

Antigo nome da cidade de Istambul, nas margens do Bósforo, capital da Turquia moderna. O nome corresponde ao período greco-romano (Bizâncio grega e Bizâncio romana), até o restabelecimento da cidade pelo imperador romano Constantino, como a Nova Roma-Constantinopla. O nome também foi usado para indicar a cidade e o Império Romano do Oriente, do início da Idade Média até a queda de Constantinopla.

Império Bizantino é o nome dado ao Império Romano do Oriente, separado da parte ocidental após a morte de Teodósio I em 395 d.C.

Não existe um acordo a respeito do acertamento da data em que se deve substituir o termo "romano" por "bizantino". As divergências dos contextos históricos da época condicionam também as opiniões no que se refere à datação dos fatos históricos. As referências que definem opiniões contrárias entre os historiadores ao tentarem definir "fronteiras" entre os dois impérios se baseiam nos fatos a seguir:

Em 476 - Queda do último imperador do Ocidente, Rômulo Augusto.

Em 395 - Morte de Teodósio I em 17 de janeiro. Foi o último imperador romano a reinar em um império unificado e responsável pela introdução do cristianismo como religião a ser adotada em todo império.

Em 330 - Fundação de Constantinopla por Constantino I. A partir de 364 já se começa a falr de um Império do Oriente.

Em 565 - Morte de Justiniano I e, com ela, o fim do sonho romano da "Restauratio Imperii", o projeto de expansão de Justiniano na tentativa de reconquistar os territórios perdidos com a queda do Império Romano do Ocidente.
Seu sonho era o de fazer retornar o Império ao seu antigo esplendor, sob o comando de um único imperador, tendo Constantinopla como sede do novo governo, e não Roma. Nos parece óbvio que empresa de tal magnitude comportava uma enorme dificuldade sob diversos aspectos.

Em vermelho, o Império Bizantino, antes de Justiniano I (527). 
Em laranja, a notável expansão do Império após a morte de justiniano I (565).

Provavelmente, Justiniano teria conseguido sucesso em seu intento, se não fosse movido pela inveja que provava por seu melhor general, Belisário (Magister Militum Flavius Belisaruius). O generalíssimo, à frente da expedição planejada por Justiniano, conseguiu reconquistar o norte da África, a Sicília, a Sardenha, a Itália do sul e aquela central, onde um dia reinara a gloriosa Roma. Foi retirado do comando e enviado à Pérsia (o grande erro de Justiniano).
Belisário foi o homem que marchou contra o reino africano dos Vândalos (533-534), que já se estendia sobre o norte da África ocidental, sobre a Sardenha, Córsega e Ilhas Baleares. Reconquistou o território e conduziu o rei Vândalo ao imperador colocando-o ajoelhado aos pés de Justiniano. Não sabemos ao certo, os motivos que levaram Justiniano a agir de maneira tão pouco inteligente no confronto de seu melhor general. Provavelmente temia o grande prestígio de que gozava entre os soldados, a população e a classe política.

O Império Romano em 565 a.D, ano das mortes de Justiniano I e de Belisário. 
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Sabe-se apenas que após a campanha da Pérsia, ao retornar à Itália, foi colocado ao comando de um exército "débole" provido de escassos meios de combate. Em seguida foi encarregado de uma missão religiosa que tinha como escopo convencer o Santo Padre a respeito da política de Justiniano. Em 559 foi novamente colocado à frente de um exército formado, em sua grande maioria, de agricultores. Mesmo assim, conseguiu dominar os bárbaros que devastavam a Tracia, o que colocava Constantinopla em grande perigo. Em 562 é acusado injustamente de traição, sendo absolvido de todas as acusações a ele imputadas. Morre 3 anos mais tarde, no mesmo ano que Justiniano, tomado pelo desgosto, desapontamento e injustiça que lhe foram imputadas. Não fosse a estupidez de Justiniano em declarar uma guerra tola e particular ao seu melhor comandante, talvez a história do Império tivesse tomado um outro rumo, diferente daquele que conhecemos hoje.

Figura: Justiniano I (527-565). Solidus Aureus (20mm, 4,47 gr). Casa da Moeda de Constantinopla, 3 oficina. Cunhada entre 527-538. DN IVSTINI ANVS PP AVG, busto com capacete e couraça, de frente voltado ligeiramente à direita, segurando lança acima do ombro e escudo decorado com o soldado que cavalga / VICTORI AVGGG Γ, anjo em pé parado e olhando, segurando cruciger e cruz longa; estrelas à direita; CONOB*

*CONOB - Estranhamente também se encontra COMOB. A incisão CONOB se divide em CON, indicando a Casa da Moeda de Constantinopla e OB que possui duplo significado: 
1. As duas letras, no sistema de numeração grego correspondem a 72, que indicam o número de peças que podem ser produzidas com uam determinada quantidade de metal precioso o que, no caso específico do solidus, representa 1/72 de libra. 
2. São também as iniciais da palavra latina Obryzum, que indica "ouro refinado, puro".
Destarte, CONOB, significa um valor inrínseco correspondente a 1/72 da libra-peso de ouro puro. A denominação OB, segundo Fiorelli, aparece apenas nas moedas de ouro, aparecendo inclusive nas frações do solidus. Fiorelli explica que a denominação se aplica ao título do ouro empregado e não ao específico peso da moeda.A bem ad verdade, CONOB é quase como um certificado de garantia dado pela Casa da Moeda de Constantinopla, acerca a pureza do metal contido no solidus.

Justiniano deixou o Império sem dinheiro, em meio ao caos e a desordem, e sem coroar de êxito o sonho da reconquista da Itália e "refundação" do Império Romano. Três anos após a sua morte, a Itália foi invadida pelos Lombardos (568).
A partir daí, os sucessores ao trono reinvidicaram inutilmente o direito de serem reconhecidos como imperadores romanos de um império unido. Perderam completamente tal esperança quando o Papa colocou a coroa imperial do ocidente na cabeça de Carlos Magno, rei da França e, em seguida, concedendo o mesmo direito aos imperadores da Alemanha que ainda tentaram, sem sucesso, reunir o Império Romano destruído.

A data mais aceita do mundo acadêmico como sendo aquela do início do período bizantino é, todavia 610, o ano da ascensão ao trono de Heráclio I, o soberano que modificou de forma notável a estrutura do Império, proclamando o grego como língua oficial, em substituição ao latim. Haeráclio assumiu o título imperial de "Basileus"* em lugar de "Augustus" que era usado até aquele momento

*Basileus - Do grego Βασιλεύς, que deriva etimologicamente do egípcio paser/pasir que, originariamente significa Vizir, ou seja, o comandante das tropas. Em seguida, o termo passou a ser usado pelos persas, com o significado de tirano.

Figura: Decalque de um raríssimo "múltiplo solidus" de Justiniano I, moeda comemorativa da reconquista da África em 535 d.C.

Heráclio sucedeu Focas, imperador de 602 a 610, ano em que foi capturado pelo primeiro, após uma revolta criada dois anos antes pelo pai, um político conhecido como "Heráclio o Velho" a fim de distingui-lo do filho. Heráclio, o Vekho era um potente Exarco de Cártago que se juntou a outros governadores a escopo de criarem uma revolta contra Focas que, ao que tudo indica, não conduzia o Império de forma satisfatória.

Figura: Focas (602-610) - Solidus Aureus (20mm, 4,39 gr). Casa da Moeda de Constantinopla, 9 Oficina. Cunhada entre 607-610. ∂ N Focas PЄRP AVG, busto frontal, coroado, drapeado e com couraça, segurando "cruciger globus" / VICTORIA AVGЧ Ө, em pé diante do anjo, segurando "cruciger globus" e longo cajado encimado pelo símbolo chi-rho; CONOB.

Em 3 de outubro de 610, Heráclio (o futuro imperador), entrou triunfante na capital do Império Bizantino, capturou Focas depois de havê-lo deposto, e o decapitou pessoalmente.
Nos conta a história que Heráclio se aproximou de Focas com um machado, dizendo: "Foi dessa forma que você governou o Império?". Focas olhou nos olhos de Heráclio e se colocou de joelhos; mas não para implorar piedade. Com tom imperial, sem temer a morte iminente, respondeu: "E você, acredita que fará melhor do que eu?". Em seguida abaixou a cabeça e expôs o pescoço, sendo dacapitado por Heráclio. Mesmo que não tenha vivido como um imperador, pelo menos morreu como tal.
Heráclio, em pouco tempo, exterminou com o reino da Pérsia, mas em seguida sofreu muitas baixas devido às envestidas islâmicas dos primeiros califas.

Figura à esquerda: A coluna de Focas, situada à frente do Arco de Septímio Severo.

Mesmo assim, sobreviveu o fato de que para os imperadores bizantinos, e para os próprios súditos, o seu Império se identificou sempre com aquele de Augusto e Constantino I, a partir do momento em que "romano" e "grego", isso até o final do século XVIII, eram tidos como "sinônimos".

Figura: Heráclio (610-641). Solidus Aureus (21mm, 4,44 gr). Casa da Moeda de Constantinopla, 2 Oficina. Cunhada por volta de 629-631. ∂ ∂ NN hЄRACLIЧ Є hЄRA CONSτ PP AV, bustos coroados de Heráclio e Heráclio Constantino; encimados por cruz / VICTORIA AVGЧ, Cruz colocada sobre 3 degraus / B / CONOB.

Figura: Heráclio, que entra triunfante em Constantinopla, depois de derrotar os persas.


Figura: Heráclio decapitando Cosroes II, rei dos Sassânidas

O Império, depois de uma longa crise, deixou de existir em 1453, com a conquista de Constantinopla por parte dos Turcos Otomanos, guiados por Maomé II.
Nascido em 17 de janeiro de 395 e extinto em 29 de maio de 1453, o Império Bizantino foi o que por mais tempo durou na história, com seus 1058 anos de Estado Soberano. Se entendido como parte do Império Romano, do qual foi o único e legítimo sucessor, então durou de 27 a.C. a 1453, portanto 1480 anos.


Figura a seguir - Reis ostrogodos - Da mais alta raridade - Teodato (534-536) Æ 40 Nummi - Follis (26mm, 10,28 gr). Casa da Moeda de Roma. DN THEO DAHADVS REX, busto voltado à direita com barba, usando elmo ornamentado e peitoral / VICTORIA AVGVST, Vitória em pé na proa voltada à direita, segurando palma em ombro esquerdo e grinalda na mão direita estendida, SC em campo. Da mais alta raridade; um dos quatro únicos exemplares conhecidos. O único exemplar em coleção privada. Os outros exemplares se encontram, um deles no museu de Berlim; os outros dois no museu de São Petersburgo).

Ex-coleção G.W.de Wit.

Embora tenham se tornado os governantes de fato da Itália no final do século V, os reis ostrogodos ainda se viam obrigados a reconhecer a soberania do imperador romano, em Constantinopla.

Devido à forte unfluência romana, os tipos de moedas cunhadas pelos ostrogodos, iniciando com Teodorico, passaram a seguir uma fórmula prescrita, inclusive no que diz respeito às legendas. Muitas das moedas eram cópias idênticas dos tipos bizantinos. As moedas eram cunhadas em nome do imperador reinante com um monograma do rei local no reverso, ou o tipo "Invicta Roma", com o busto de Roma no anverso. No reverso deste último tipo, o nome do rei ostrogodo forma a legenda e segue um padrão específico para prestigiar sua posição real. O DN ou "Dominus Noster", que precede o nome do governante é uma típica convenção romana tardia, denotando o status especial do governador em uma posição exaltada como mestre sobre acerca dos assuntos de sua competência. Por outro lado, o título de Rex, ou rei, era permitido apenas aos "reis" romanos, ou governantes locais que foram submetidos à dominação romana e simpáticos ao império. Em nenhum momento antes do reinado de Teodato os reis ostrogodos ousaram adotar qualquer título que fosse, em estilo romano, em suas cunhagens.

Teodato era sobrinho do rei ostrogodo Teodorico I. Embora pretendesse estabelecer uma relação forte com Constantinopla, aparentemente seu intento não foi coroado de êxito, em grande parte devido à sua inépcia política, demonstrada justamente nesta moeda que representa um momento histórico sob vários aspectos relevantes. A referida cunhagem, com seu busto coroado no anverso e Vitória no reverso tem duas variedades de legenda.

A legenda mais comum é VICTORIA PRINCIPVM, ou "Vitória Principes". Em segundo, e bem mais raro, vinha a legenda VICTORIA AVGVST (ORVM). Augusto empregou o termo Princeps para navegar nas águas traiçoeiras, adotando a titulaturidade imperial "Vitória dos Imperadores". O termo inócuo servia a enfatizar seus poderes especiais, mas sempre evitando o uso do título REX, uma palavra que os romanos consideravam um anátema para os seus líderes.

A titularidade criada por Augusto forneceu uma solução conveniente aos imperadores que o sucederam, que continuaram a empregar este título. Na época da Teodato, somente o imperador, em Constantinopla podia ser designado como Augusto; qualquer outro governante que ousasse usar tal título não estaria apenas ferindo um protocolo, mas também era considerado como um pretenso usurpador da posição imperial.

Como Teodato era agora governador na Itália e um descendente de Teodorico I, que era comparado aos grandes imperadores romanos, Teodato acreditava estar em posição de se colocar em igualdade de condições à suserania bizantina, dessa forma adotando o título imperial de Augusto em suas cunhagens. Este primeiro passo ousado de Teodato culminou em conseqüências políticas desagradáveis, já que foi imediatamente obrigado a substituir o AVGVST com o PRINCIPVM, menos direta. Mas os problemas de Teodato não pararam por aí; suas práticas aparentemente despóticas na Itália, entre outrso fatores, apressaram a decisão do imperador Justiniano I em restaurar o domínio bizantino na Itália. Em 536, o general de Justiniano, Belisário, derrotou o rei ostrogodo em batalha. Posteriormente Teodato foi assassinado a mando de seu sucessor, Vitige.


A conquista otomana

Com o cerco vitorioso de 1453, a cidade se tornou a nova capital do Império Otomano e a partir de 1517 tornou-se a sede do califado.

A dura derrota otomana, na Primeira Guerra Mundial, terminou pondo fim ao antigo império, em 1922. Quando, em 1923, foi fundada a República da Turquia, a capital foi transferida para Ancara; uma lei de 1930 estabeleceu oficialmente o nome da cidade de Istambul, capital da Turquia moderna.