As Casas da Moeda da antiguidade - Alexandria

Durante os primeiros séculos d.C., Alexandria era a segunda cidade mais populosa do Império romano. Foi fundada por Alexandre Magno no IV século a.C. desenvolvendo-se a ponto de se tornar a cidade mais populosa do Egito.
Por aproximadamente um inteiro milênio, a produção de moedas no norte da Ásia concentrou-se na Casa da Moeda deste grandioso centro cultural, atendendo, em períodos diversos, a gregos, romanos e bizantinos.

Desde os reis da dinastia Ptolomaica (305 a.C.), até o domínio do imperador romano Diocleciano (286 d.C), na Casa da Moeda de Alexandria foram batidas uma grande quantidade de moedas de todos os tipos, a maior parte delas com caracteres gregos, portando denominações e simbologia de clara e evidente ascendência helênica.

Após a reforma de Diocleciano desapareceram as cunhagens típicamente alexandrinas, passando à emissão de numerário exclusivamente imperial romano, condição que perdurou até Leão I (Flavius Valerius Leo, o Trácio, 457 - 474 d.C.).

Durante o período bizantino, a Casa da Moeda de Alexandria permaneceu ativa, finalizando suas emissões em torno ao ano 646 da Era Cristã, quando a cidade caiu definitivamente sob o domínio islâmico.
Seus restos arqueológicos se encontram na atual cidade que ainda carrega o mesmo nome Alexandria (Egito), com grande parte submersa nas águas do mediterrâneo, um desastre em função do terremoto ocorrido  no ano de 365.


Primeiro período - cunhagem grega
Final do século IV a.C. até o final do século I a.C.


A cidade foi fundada por Alexandre III em 331 a.C., um ano depois de ter sido coroado faraó em Mênfis.
Ptolomeu I, um dos generais macedônicos, sucessor de Alexandre Magno e fundador da dinastia que leva seu nome, estabeleceu sua corte em Alexandria. A dinastia Ptolomaica, que governou o Egito de 305 a 30 a.C. engrandeceu a cidade com suas míticas edificações, entre elas o famoso Farol de Alexandria e a grande Biblioteca, monumentos que unidos ao seu grande porto a consagraram como capital cultural do mundo civilizado.

Durante estes três séculos de esplendor, a Casa da Moeda produziu exemplares em ouro, prata e bronze, com legendas em grego, contudo adotando metrologia própria, destacando-se suas grandes peças em bronze, com 46 mm de diâmetro e 90 gramas de peso.


Segundo período - Cunhagens provinciais romanas
Do final do I século a.C., até o final do século III d.C.


Com a vitória de Augusto em Actium, tem início o período de dominação romana no Egito. Pouco depois da derrota, Antônio e Cleópatra VII se suicidaram (30 a.C.), decretando o fim da dinastia Ptolomaica.

Alexandria perdeu parte de seu esplendor por conta da rivalidade e saques promovidos pelos romanos. Todavia prosseguiu como importante porto comercial de onde partiam, rumo à Roma, grande parte da produção agrícola do Egito. A Casa da Moeda deu prosseguimento às suas abundantes cunhagens, principalmente em bronze, utilizando legendas em grego com suas denominações e simbologia de clara ascendência helênica, chegando a ser a mais importante Casa da Moeda provincial romana. Menção especial merecem os escassos denários de final do século II e início do III século, batidos com legendas em latim e características tipicamente romanas.


Terceiro período - Cunhagem imperial romana
Diocleciano - Leão I


Alexandria se converteu em Casa da Moeda imperial com a reforma de Diocleciano (294 d.C.). Depois de um par de anos de transição (295 - 296) as cunhagens alexandrinas desapareceram completamente, dando lugar ao numerário tipicamente romano.

A Casa da Moeda conservou sua importância e suas cunhagens continuaram até o final do reinado de Leão I, o Trácio, chegando a contar com oito oficinas monetárias entre os anos de 312 e 315. Com a reforma de Diocleciano, generalizou-se o costume de utilizar as marcas da Casa da Moeda no numerário produzido, a saber:

1. De 294 a 296 - ALE, cunhagens em prata
2. De 294 a 314 - ALE, cunhagens em ouro
3. De 294 a 474 - ALE, cunhagens em bronze
4. De 317 a 348 - SMAL, cunhagens em bronze


Depois do Império Romano do Ocidente


Alexandria manteve sua importância durante o Império Bizantino e continuou suas cunhagens em bronze entre 525 e 646. No ano de 616 foi conquistada pelo Império Sassânida (dinastia Persa do período pré-islâmico). Em 641 foi a vez dos maometanos e, finalmente, em 646, depois de vários anos de guerra, a cidade caiu definitivamente diante do poderoso avanço do Islam.